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Draft:Ruth Bueno

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Ruth Bueno, nascida Ruth Maria Barbosa Goulart (Juiz de Fora, 19 de janeiro de 1925 - Rio de Janeiro, 15 de maio de 1995) é uma escritora, advogada, jornalista e ativista brasileira. Autora de romances, ensaios, crônicas e contos, fez do feminismo o principal tema de sua obra. Também é considerada uma das principais escritoras brasileiras de literatura fantástica e de ficção científica.[1]

Entre 1966 e 1983, escreveu dez livros. O primeiro deles, “Diário das Máscaras”, é um diário com contos e crônicas. Depois, veio “Cartas para um Monge”, com cartas líricas. Segundo ela, representava “o livro de poemas que nunca escreveu”.

Ruth Bueno em foto publicada em seus livros nos anos 80

Em 1968, lançou a obra infantil “As Fadas da Árvore Iluminada”, seguida por “A corredeira” (1970),“romance ousado e espontâneo de amor moderno”, segundo a crítica da época. A bibliografia da autora tem ainda livros jurídicos como “Regime Jurídico da Mulher Casada” (1970).

O auge de sua obra, no entanto, é composto por romances da literatura fantástica, com destaque para “Asilo nas Torres” (1979).[2] No verbete dedicado a ela no livro “Latin american science fiction writers: An A-to-Z guide”, Bueno é descrita como “um dos melhores exemplos da ficção científica escrita no Brasil”.[3]

"Asilo nas Torres" conta a história de homens e mulheres asilados em três torres, edifícios públicos gigantescos que concentram o trabalho burocrático da sociedade. A trama é definida, ainda, como “uma novela alegórica, absurdista e distópica” protagonizada por duas mulheres, Salomé e Assunta, as duas únicas personagens com nomes.[4]

Entre as distinções e menções honrosas que recebeu ao longo da carreira, a escritora ganhou dois prêmios da Academia Brasileira de Letras, com os livros “bip bip bip bip bip bip bip” (Prêmio Afonso Arinos, de 1982)  e “O Livro de Auta” (Prêmio Carlos de Laet, de 1984). Além da literatura, Ruth Bueno ocupou cargos no conselho da Organização dos Advogados do Brasil (OAB), na diretoria da Organização dos Advogados do Brasil (IAB) e na Comissão Interamericana de Mulheres (CIM).[5]

Em seus livros, a linguagem ao mesmo tempo “simples e audaciosa” rendeu elogios de escritores famosos como Carlos Drummond de Andrade. No prefácio de “As Fadas da Árvore Iluminada” (1968), o poeta mineiro comentou sobre a “beleza e poesia” do livro. “A criança teimosa escondida neste velho senhor veio encontrar tantos motivos de encantamento”, escreveu o autor. Quatro anos depois, Drummond foi além: “Um livro seu é sempre motivo para aprofundar-se a reflexão da vida. ‘Encontro Antecipado’ não foge dessa bela vocação.”

Em um perfil escrito sobre si mesma, no prefácio de “O guichê” (1980), Ruth disse que sempre quis estudar Letras, mas acabou indo parar no curso de direito da Faculdade Cândido Mendes.[6] Ela começou, então, a advogar no Rio. Depois de três anos, largou tudo “para atender uma grande empresa, sediada em São Paulo”. Após dois anos, voltou ao Rio. “Recomecei a carreira interrompida de advogada militante”, resumiu.

Foi com a estreia literária, em 1968, que ela se sentiu realizada profissionalmente, exercendo sua “verdadeira vocação”. “Seria impossível conciliar o desejo constante pelo escrito com o imprevisto que o trabalho com clientela sempre traz: processos com prazos fatais, ações a interpor, estatutos para redigir. Enfim, toda a gama do dia-a-dia da profissão a me oprimir, subjugando-me, freando o anseio pelo escrito. Voltei-me, então, de novo, para a advocacia de empresa.”

O emprego burocrático e bem remunerado trouxe as condições que precisava para se dedicar à literatura. “O salário vem no fim do mês e é este o segredo que traz a paz e a tranquilidade, quanto à sobrevivência, indispensáveis para quem escreve.”

Em paralelo, ela se dedicou a fazer os mais variados cursos. “Todos eles me ajudaram de uma forma ou de outra: pelos amigos que me trouxeram, pelo convívio amável, que, entretanto, como sempre, pelos serviços que me prestaram, pelas oportunidades que me trouxeram, e sempre, sempre pelo que aprendi… Desde o primeiro deles - o de francês -, graças ao qual arranjei emprego, no Rio, três dias após a chegada, até o atual, que é o de jardinagem, eu gostaria de dar um viva aos cursos que fiz.”

O gosto pela literatura, ela explica, nasceu quando ainda era criança. “Menina, lia os livros que as amigas de minha mãe me emprestaram, os da biblioteca municipal e os de um clube. Sonhava, àquela época, em ganhar tantos livros que os meus braços não os pudessem conter.”

“O tempo foi passando e o sonho de menina só viria a realizar-se de verdade muito tempo depois; participei de um seminário de literatura infantil como debatedora oficial. Pois bem, no final, a Editora Brasil América ofereceu um pacote de livros. Quando chegou a minha vez, não havia mais. O editor, presente, pediu o meu endereço e recebi então - não exagero - tantos livros que meus braços não os podiam conter.”[7]

Bibliografia

  • "Diário das Máscaras" (1966)
  • "Cartas para um Monge" (1967)
  • "As Fadas da Árvore Iluminada" (1968)
  • "A Corredeira" (1970)
  • "Regime Jurídico da Mulher Casada" (1970)
  • "Encontro Antecipado" (1972)
  • "Asilo nas Torres" (1979)
  • "O guichê" (1980)
  • "bip bip bip bip bip bip bip" (1982)
  • "Em psicanálise" (1983)
  • "O livro da auta" (1984)

References

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  1. ^ http://www.filologia.org.br/rph/ANO26/78supl/68.pdf
  2. ^ "Os asilados de Ruth Bueno - Rascunho". 30 March 2020.
  3. ^ "ABC-CLIO eBooks".
  4. ^ "Almanaque da Arte Fantástica Brasileira".
  5. ^ https://memov.org/site/wp-content/uploads/tainacan-items/7329/153835/Item-INC-MUL-MAD-001.pdf
  6. ^ http://www.filologia.org.br/rph/ANO26/78supl/68.pdf
  7. ^ Bueno, Ruth (1980). O guichê (in Portuguese) (2 ed.). Rio de Janeiro: Livraria José Olympio. p. 2. ISBN 9788573799996.